domingo, 12 de maio de 2013

FORMAS LIVRES, PRESAS E DEPENDENTES !

     Não é difícil imaginar porque algumas palavras sempre estão acompanhadas por outras e porque, na maioria das vezes, não fazem sentido algum quando se desprendem umas das outras. Seria possível compreender uma frase em que se diz apenas "de", "o" ou "a" ? Certamente não!. Mas e o "não" que eu acabei de escrever, faria sentido sem o "certamente"? Sim! Perceberam como as palavras "não" e "sim" mantiveram o sentido mesmo sozinhas ?. Bom, o assunto de hoje é mais ou menos esse. 

     Segundo Bloomfield (1993), a definição de um vocábulo formal é tida de acordo com seu funcionamento no nível da frase. Ele, então, propõe duas unidades formais em uma língua, que são as formas livres e presas. 
  1. As formas livres conseguem constituir, isoladamente, um enunciado suficiente para o entendimento na comunicação; sua extensão não excede os limites do vocábulo; resumidamente, são respostas mínimas a uma pergunta.
- Oi João, tudo bem ?
- Tudo! 
- Como vai ?
- Bem. 
- Vai sair hoje ?
- Sim.
- Para onde ?
- Lá!
- Vai sozinho ?
- Não! 
- E vai muita gente ?
- Vai. 

     Podemos perceber que as palavras "tudo", "bem","sim","lá", "não" e "vai" transmitem significado sozinhas, e não precisam de nada mais. Vamos combinar que fica meio grosseiro, mas pelo menos passam o recado! 

    2.  As formas presas, contrariamente às livres, não conseguem constituir, isoladamente, um enunciado. Ou seja, só funcionam ligadas a outras. 

- Oi João, tudo bem ?
- Tudo ótimo! Como é bom poder rever todos vocês! 

A palavra rever recebe o prefixo -re, que não tem poder algum quando fica só. 

Obs: Uma palavra pode ser constituída:
  • de uma forma livre mínima: hoje 
  • de duas formas livres mínimas: couve-flor
  • de uma forma livre e uma ou mais presas: leal-dade, in-feliz-mente. 
  • apenas de formas presas: re-abert-u-ra. 

     Mattoso Câmara Jr. (1970), propõe então, um novo conceito: as formas dependentes. Que não são nem livres, por não constituírem um enunciado isoladamente, apesar de funcionarem ligadas a elas, e também não são presas, pois não são separáveis como vocábulos. O que são elas ? Artigos,  preposições, algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos. 

Agora um exemplo que pode facilitar muito a compreensão de todos esses conceitos: 


A música "Eduardo e Mônica" ilustra um casal de jovens que se conhecem quando ainda eram livres, e que depois de um tempo ficam dependentes um do outro devido ao sentimento que surgiu entre eles, e aí, quando nascem os filhos, ficam completamente presos um ao outro, já que precisam se ajudar na construção de dois pequenos "futuros da nação". 



Um comentário:

  1. Olá, Desirée!

    Ótima reflexão a respeito das formas livres, presas e dependentes! Realmente, se nos limitássemos a usar formas livres, seríamos pessoas muito grossas hahahaha! Boa analogia com a história de Eduardo e Mônica, também! Talvez você pudesse ter colocado a letra da música e escolhido palavras dela para analisar, também, que tal? Ah, os morfemas da palavra reabertura são: re+abert+ura. No mais, parabéns!

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